domingo, 20 de fevereiro de 2011

Nova greve geral na Bolívia contra a subida dos preços

Tirado de publico.pt em http://www.publico.pt/Mundo/bolivia-em-greve-contra-a-subida-dos-precos_1481037

Os conflitos sociais intensificaram-se com a paralisação de sectores inteiros da economia boliviana, traduzida numa greve geral e manifestações, naquele que é um dos países mais pobres da América do Sul.
Escolas públicas fechadas, hospitais reduzidos às urgências, transportes públicos escassos ou inexistentes – é este o panorama descrito pela AFP de cidades como Cochamba, a terceira maior do país. Também a capital, La Paz, é prejudicada pelo descontentamento popular.
A mobilização é levada a cabo pela poderosa força sindical Central Operária da Bolívia (COB) e os seus líderes reclamam aumentos salariais para amortizar a subida dos preços dos alimentos e de serviços vitais como os transportes, adianta a APF.
O principal dirigente da COB, Pedro Montes, terá declarado que o Presidente da Bolívia, Evo Morales, tinha assegurado que governaria com o povo, obedecendo-lhe. “Que o faça”, exige Montes.
O Presidente boliviano, que já desempenhou o cargo de dirigente da COB e é o actual líder do “Movimento para o Socialismo” disse ao jornal boliviano “Los Tiempos” que tem vontade de rir “quando falam em aumento salarial de 40 por cento, 50 por cento, até 70 por cento". E adianta: “Como dirigente as nossas propostas eram racionais (...) Se não se é racional perde-se autoridade como dirigente sindical. O povo não está desinformado."
A subida dos preços é muito significativa num país onde, segundo dados de 2010 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, seis em cada dez pessoas vivem em condições de pobreza e três em cada dez não terão o suficiente para se alimentar.
Uma enfermeira de El Alto, cidade a Oeste de La Paz, disse à AFP que “tudo aumentou, sobretudo o açúcar”. E acrescentou: “Se ele [o Presidente Morales] não pode regular o problema, ele que abandone o Governo.”
Com um aumento dos preços a rondar os 30 por cento no que toca aos transportes e os 40 por cento no açúcar, Evo Morales continua a afirmar que a subida em 2011 não será inferior à inflação de 2010.
A COB exige negociações tendo como base um estudo recente que terá avaliado as necessidades mensais de uma família de cinco pessoas em 1183 dólares. Este valor equivale a 12 vezes o salário mínimo actual.
A última forte mobilização contra os preços na Bolívia, a 30 de Dezembro, acabou em violência, fazendo quinze feridos, de acordo com a AFP.
O Presidente boliviano vê-se confrontado com a mais longa e mais profunda crise social e económica desde que chegou ao poder em 2006.

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